As pontas dos lápis

Numa noite qualquer à mesa com meu filho me pus a fazer pontas nos lápis, enquanto ele concluía a atividade do colégio eu pegava lápis por lápis e apontava-os. Lápis coloridos, lápis comuns e assim prossegui naquela atividade momentaneamente tão prazerosa.

O depósito do apontador se enchia e vez ou outra eu precisava esvaziá-lo, assim foi até que todos os lápis estivessem novamente prontos para uso.

De repente comecei uma viagem analisando o lápis, um instrumento tão simples, mas tão útil. Imagine quantos projetos importantes começaram através de um simples esboço feito a lápis.

Talvez uma grande construção. Brasília completa 50 anos na próxima quarta-feira e observando a reprodução do Plano Piloto de Brasília disponível na internet vejo que foi feito a lápis.

Os rascunhos antigos dos livros, sim os antigos, porque hoje os rascunhos são digitados!!!

O modelo de um carro. Aquele carro que seu avô ou bisavô teve, quando a maioria das pessoas ainda não tinha carros, provavelmente você não se lembra, se é que o seu avô teve um carro, os meus não tiveram! Creio que o projetista precisou de um lápis para idealizá-lo.

O layout de uma loja. No mundo contemporâneo imagem visual é tudo! Um produto muitas vezes é divulgado através da imagem visual de uma loja. Grandes campanhas publicitárias são lançadas com esse intuito. Mas e quando nada disso existia e mesmo assim havia a necessidade da divulgação? As fachadas das lojas eram pintadas, lembra? Mas antes de preencher as letras ou desenhos com tinta o que fazia o pintor? Desenhava. E com que? Com lápis.

Poderíamos ficar aqui horas nos lembrando da funcionabilidade do lápis! Mas paremos por aqui e pensemos por outra perspectiva.

O lápis pra ser usado, como os que meu filho usou em sua atividade escolar, precisa estar pronto. Como assim? Suas pontas precisam estar sempre feitas, as aparas precisam ser retiradas dando lugar à nova ponta que a madeira esconde. Um lápis sem pontas não pode ser usado, não pode cumprir o propósito para o qual foi idealizado.

Nesse instante consegui visualizar Deus como o aparador das pontas e eu um simples lápis. Quantas vezes não estou pronta para o propósito de Deus e ele precisa aparar as minhas pontas? Quantas vezes o pecado em nossas vidas não nos permite sairmos da nossa casca (madeira do lápis) e realizarmos os projetos de Deus? Quantos sonhos Deus tem para as nossas vidas, mas nós não nos permitimos ser aparados? Temos medo do apontador? Temos medo de mudar, de trocar as vestes e ser um novo lápis!

Sejamos lápis nas mãos de Deus, lápis que registram, lápis que colorem, lápis que projetam e principalmente lápis que podem ter seus riscos imperfeitos apagados pela borracha do perdão, é, do perdão de Deus. Deus apaga os nossos erros, sua borracha não deixa vestígios, mas pra isso é necessário reconhecer o nosso erro e pedir perdão. Então teremos uma nova chance de reescrever a nossa história, a folha estará limpa!

Deus não nos projetou para ser um rabisco inconfundível, um risco na folha, Ele nos criou para o louvor da sua glória, não somos um simples esboço, mas sim um projeto perfeito do Criador!